A estratégia da Cosan de aumento dos investimentos no mercado de gás natural tem um objetivo mais premente do que simplesmente adquirir novas distribuidoras. A companhia analisa a separação do negócio criando uma nova empresa, a Distribuição de Gás Participações, que controlará a Comgás e será responsável por investimentos futuros no setor. A Cosan pondera ainda a participação em projetos de infraestrutura de escoamento e analisa atualmente a possibilidade de investimento num gasoduto para transportar o gás do pré-sal até São Paulo.
O projeto, ainda numa fase embrionária, já deu entrada no processo de licenciamento do empreendimento no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O gasoduto foi registrado como Sistema de Escoamento e Tratamento de Gás Natural do Polo Pré-Sal da Bacia de Santos, normalmente conhecido como Rota 4.
De acordo com estudo da EY (ex-Ernst & Young), em parceria com a Gas Energy, o mercado deve se tornar menos concentrado até 2020, quando a participação da Petrobras na oferta nacional de gás deve atingir os 75%. Atualmente, esse percentual é superior a 90%, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Segundo Carlos Assis, sócio-líder do Centro de Energia e Recursos Naturais da EY, já existem investidores estrangeiros interessados no mercado brasileiro de gás, mas a entrada desses agentes depende de avanços regulatórios.
Como as distâncias entre os campos do pré-sal são muito grandes, por vezes acima de 100 quilômetros, os custos do projeto são impeditivos. Porém, os investimentos privados em infraestrutura no mercado de gás começam a dar seus primeiros passos no país e, para estimular a entrada dos novos nomes na comercialização do gás, o governo de São Paulo pretende criar demanda e, para isso, vai propor que as três distribuidoras de gás natural do estado (Comgás, Gas Natural Fenosa e Gas Brasiliano) invistam cerca de R$ 6 bilhões na expansão da rede ao longo dos próximos cinco anos.
